Sem categoria – Brasil das Aves http://brasildasaves.com.br Tudo sobre a observação de aves (birdwatching) no país Thu, 24 Nov 2016 04:11:31 +0000 en-US hourly 1 https://wordpress.org/?v=6.1.6 https://i0.wp.com/brasildasaves.com.br/wp-content/uploads/2012/01/cropped-Ita39-1.jpg?fit=32%2C32 Sem categoria – Brasil das Aves http://brasildasaves.com.br 32 32 137729982 Como fazer um blind caseiro para observar aves http://brasildasaves.com.br/2015/04/08/como-fazer-um-blind-caseiro-para-observar-aves/ Wed, 08 Apr 2015 22:41:41 +0000 http://viajeaqui.abril.com.br/national-geographic/blog/brasil-das-aves/?p=7106
Saíra-amarela – Foto: Zé Edu Camargo
Você pode chamar de esconderijo, camuflagem, mocó. Mas o termo mais usado para designar um lugar de onde é possível observar animais sem ser notado é blind (palavra que em inglês pode ser um adjetivo – cego – ou um substantivo, que tem mais o sentido de enganação). O blind é um recurso muito usado por pesquisadores e observadores de fauna (infelizmente, também por caçadores) para conseguir maior aproximação de animais muito tímidos ou assustadiços no meio da mata. No entanto, você também pode fazer um no seu quintal ou no seu sítio para observar as aves mais de perto, principalmente se combiná-lo com um comedouro. Um pano camuflado já serve para esse fim. É um recurso interessante para mostrar as aves de perto às crianças e a pessoas com problema de locomoção. E também para treinar seus dotes fotográficos, simulando as situações que você vai ter em campo.
Fim-fim – Foto: Zé Edu Camargo
As fotos mostram um blind que fiz em Minas Gerais, com bons resultados. Aí embaixo, algumas observações.
– Se houver uma mata por perto, escolha um lugar próximo a ela. As chances de aparecer uma ave diferente e mais arredia são maiores. Mas vai funcionar mesmo em um quintal no meio da cidade.
– Um pano camuflado estendido entre duas árvores já foi o suficiente para criar o esconderijo. Como elas vinham da mata em frente, não me preocupei em tapar a visão de cima ou dos lados.
– Como “comedouro” usei somente um galho seco que encontrei caído. Coloquei algumas frutas (banana e mamão dão bons resultados) e procurei tirar os galhinhos menores que poderiam atrapalhar a linha de visão.
– É importantíssimo trocar as frutas pelo menos uma vez ao dia, mesmo que elas não tenham sido comidas por inteiro. As frutas podem abrigar microrganismos prejudiciais às aves depois de muito tempo expostas à luz e ao calor.
– Tente se aproximar do abrigo fora da linha de visão das aves e permaneça o mais quieto possível.
– No inverno as aves frequentam o comedouro com mais constância, pois a oferta de alimento diminui muito.
– Você pode também colocar bebedouros para beija-flores, mas não se esqueça de trocar a água com açúcar todos os dias.
No meu caso, tive sorte. Minutos após montar o comedouro já apareceram algumas aves – e consegui boas fotos da saíra-amarela e de um jovem fim-fim. Espero que você também tenha bons resultados!
Comedouro e blind – Foto: Zé Edu Camargo
Visão atrás do blind – Foto: Zé Edu Camargo

 

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Estudo mapeia evolução das aves em todo o mundo http://brasildasaves.com.br/2012/11/06/estudo-mapeia-evolucao-das-aves-em-todo-o-mundo/ http://brasildasaves.com.br/2012/11/06/estudo-mapeia-evolucao-das-aves-em-todo-o-mundo/#respond Tue, 06 Nov 2012 13:47:39 +0000 http://viajeaqui.abril.com.br/national-geographic/blog/brasil-das-aves/?p=5992
Crédito da Imagem: reprodução/revista Nature

 

Um projeto ambicioso, que envolve várias universidades, ganhou as páginas da revista Nature na semana passada. A ideia é mapear as interações de evolução entre todas as 9 993 espécies conhecidas no mundo, situando-as no tempo e no espaço. Para isso, os cientistas criaram um banco de dados com informações de DNA, cruzando também informações geográficas e de evolução ao longo do tempo (estas últimas incluem também o estudo de fósseis). Os primeiros resultados, publicados agora, já permitem algumas conclusões interessantes, como a de que a diferenciação entre espécies acontece mais conforme a longitude do que pela latitude.

“É um artigo notável, que resultou em um produto definitivamente muito interessante e que, como todo bom trabalho, vai abrir um leque outras questões muito relevantes nos próximos anos”, diz o pesquisador Luís Fábio Silveira, do Museu de Zoologia da USP. Ele completa: “Além do esforço para conseguir sequências de mais de dois terços de todas as espécies atualmente reconhecidas (um número ainda subestimado), houve um avanço também nas técnicas de análises destes dados, que geralmente requerem um arranjo computacional muito complexo para que todas as possibilidades sejam igualmente analisadas. Para mim, o trabalho tem méritos não só pela abordagem do tema, e por lançar luz em um grupo cujas relações filogenéticas ainda são muito complicadas, mas também por conseguir analisar esta imensa quantidade de dados”.

Leia mais sobre o estudo no site Nature News.

 

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Levantamento de avifauna, um trabalho fundamental http://brasildasaves.com.br/2012/10/18/levantamento-de-avifauna-um-trabalho-fundamental/ http://brasildasaves.com.br/2012/10/18/levantamento-de-avifauna-um-trabalho-fundamental/#comments Thu, 18 Oct 2012 14:38:17 +0000 http://viajeaqui.abril.com.br/national-geographic/blog/brasil-das-aves/?p=5702  

A rede de neblina ajuda na captura de espécimes para pesquisa

Pesquisa científica e conservação sempre andaram juntas. Entender as interações de fauna e flora é fundamental para o planejamento das ações em qualquer unidade, de uma RPPN (Reserva Particular do Patrimônio Natural) a um parque nacional. O levantamento de avifauna está na base dessas ações. O pesquisador Paulo de Tarso Zuquim Antas e sua equipe realizam projetos assim por todo o país. O blog acompanhou um dia de trabalho dos pesquisadores em uma unidade de conservação mantida pela empresa Fibria em Teixeira de Freitas, no Sul da Bahia. A área está em processo de tornar-se uma RPPN, e guarda uma boa porção de Mata Atlântica em ótimo estado de conservação. Entre outras aves, vive ali o Glaucis dohrnii, ou balança-rabo-canela, um pequeno beija-flor muito raro. Um outro trabalho, em paralelo, tenta analisar conectividade entre dois fragmentos florestais através de uma plantação de eucalipto.

A rotina dos pesquisadores é pesada, movida a muita paciência, atenção e entusiasmo. O dia começa muito antes de o sol nascer – quando as primeiras luzes aparecem, as redes de neblina já estão instaladas em pontos estratégicos. Estas redes têm malhas finíssimas, de um material leve e macio, para não machucar as aves. De tempos em tempos, os pesquisadores se dividem para examinar as redes e coletar os espécimes que caíram nelas. Eles são pesados, medidos, recebem a marcação de uma anilha e em seguida voltam para a natureza. Esse processo leva alguns dias e é repetido todos os anos. Os resultados, com o tempo, mostram não só a composição da avifauna na área, mas também revelam muito sobre comportamento. A seguir, uma entrevista com o pesquisador Paulo de Tarso Zuquim Antas, falando um  pouco mais sobre este trabalho fundamental e também sobre a importante área de conservação da Mata Atlântica.

Blog: Quais são os objetivos do trabalho realizado na futura RPPN Esperança do Beija-flor?

Paulo de Tarso: Duas questões centrais vinculadas à conservação da biodiversidade na Mata Atlântica estão sendo abordadas no trabalho realizado na futura RPPN e seu entorno. A primeira delas corresponde à dinâmica das comunidades nativas dentro do fragmento principal, onde está delimitada a futura RPPN. Apesar de seu tamanho, cerca de 1.700 ha, esse fragmento estava isolado fisicamente dos demais na região antes da aquisição pela Fibria, por estar envolvido por pastagens plantadas. Pastagens e outros ambientes abertos são evitados por uma série de espécies florestais de animais, incluindo diversas aves. Esse comportamento foi adquirido ao longo da evolução dentro de um ecossistema de mata contínua. Tais espécies evitam cruzar ambientes não florestais, porque esses não oferecem recursos necessários para a vida do indivíduo ou possivelmente para evitar predadores.

Quando a floresta era contínua, ao se deparar com uma clareira essas espécies simplesmente contornavam a área aberta no interior da mata e continuavam seu deslocamento. Isso acontece ainda hoje em matas como na Bacia Amazônica ou nos grandes maciços contínuos de Mata Atlântica da Serra do Mar em São Paulo por exemplo.

Ao fragmentarmos o ambiente florestal, envolvendo os remanescentes com pastagens e sistemas agrícolas não florestais, ele transforma-se em um sistema de ilhas isoladas entre si, cada uma portando um conjunto de indivíduos. As populações das espécies que não cruzam ambientes abertos mantêm-se como náufragos nessas ilhas, sem meios para atravessar o oceano. O resultado é o aumento de cruzamentos entre indivíduos cada vez mais aparentados, ocasionando perda da variabilidade genética da população, números de reprodutores insuficientes para manter populações viáveis e alta sensibilidade a variações climáticas pontuais, capazes de levar à extinção as populações isoladas. Ocorre uma erosão lenta da biodiversidade, muitas vezes despercebida por ocorrer em  escala temporal de dezenas de anos.

O trabalho no interior do fragmento, feito pela Funatura (Fundação Pró-Natureza, uma ong sem fins lucrativos com sede em Brasília e atuação em todo o país) com o apoio da área de Meio Ambiente Florestal da Fibria, visa verificar a saúde populacional das espécies florestais, com ênfase naquelas já consideradas ameaçadas, raras e as exclusivas (endêmicas) do bioma Mata Atlântica. Conforme problemas são detectados, sugerir medidas capazes de evitar essa perda de biodiversidade.

Além de avaliar esses parâmetros, uma das medidas para reduzir o risco de perda de espécies é aumentar a conectividade das populações entre os fragmentos em escala regional. Para isso está sendo realizado, em conjunto com o Centro de Tecnologia da Fibria, um estudo usando corredores de eucalipto com sub-bosque adensado de vegetação nativa.

Nesse experimento foram deixadas faixas de plantio de eucalipto com pelo menos 120m de largura e 800m ou mais de comprimento sem serem colhidas em pontos estratégicos no entorno da RPPN e ligando-a a outros fragmentos. Implantado há 3 anos, quando da colheita da madeira dos talhões vizinhos, esses corredores mantiveram-se como faixas de floresta enquanto o novo ciclo de crescimento do plantio de eucalipto estava em seu início.

Para verificar a efetividade do uso desses corredores foram usadas as espécies florestais de aves presentes em toda a sua extensão. Um dos registros mais importantes foi a captura em rede ornitológica de um beija-flor Glaucis dohrnii, espécie endêmica da Mata Atlântica e ameaçada, no interior do corredor, a 400m da borda da mata mais próxima.

Em 2011 foi associado um novo experimento nesses corredores, com o plantio de mudas de árvores nativas em áreas onde a vegetação nativa estava com baixa implantação. Essa intervenção visa efetuar o maior adensamento dos estratos inferior e médio nesses locais dentro do corredor, para avaliação quando da próxima colheita da madeira dos talhões comerciais vizinhos em 2014.

Também foi iniciado um estudo avaliando o papel das Áreas de Preservação Permanente (APP) com vegetação nativa nessa conectividade regional desde a RPPN.

Blog: Há quanto tempo os estudos são realizados?

Paulo de Tarso: Os trabalhos começaram em março de 2002, no início dos plantios de eucalipto em toda a área do entorno, substituindo as pastagens da antiga fazenda de pecuária.

Blog: Já existem resultados?

Paulo de Tarso: Na questão de conectividade, os resultados mostraram o uso dos corredores de eucalipto deixados para esse fim. Além do beija-flor florestal, outras 4 espécies florestais foram detectadas em seu interior pelas redes. Uma quinta espécie florestal colonizou o fragmento menor na borda oposta do corredor em relação à RPPN, também mostrando o uso do mesmo após seu estabelecimento.

O anilhamento dos beija-flores já possibilita estimar sua população no local ao redor de 100 indivíduos. Essa é a primeira estimativa populacional para a espécie, bem como são coletados dados inéditos sobre a sua biologia e ecologia básica, ainda pouco conhecidas . São informações fundamentais para a sua conservação no local e em outros pontos de ocorrência.

Blog: Como a área da RPPN pode ser qualificada?

Paulo de Tarso: É um fragmento de Mata Atlântica de baixada, uma floresta ombrófila densa. Parte da área está em franco processo de recuperação depois de ter passado por extração madeireira ampla até os anos de 1980. A proteção das suas bordas dos efeitos dessecantes de vento e insolação direta, através da substituição de pastagens por plantios de eucalipto, auxiliou e acelerou essa recomposição desde 2002

Blog: Qual a sua importância para o bioma Mata Atlântica e para a região em que está inserida?

Paulo de Tarso: A RPPN é o principal fragmento de Mata Atlântica de tabuleiro na região entre o rio Jucuruçu e a divisa com o estado do Espírito Santo. Sua importância para a conservação da biodiversidade regional é patente, também sendo de grande significado para o bioma como um todo. O fato de abranger uma mata estruturada em terreno plano, de baixada, já é significativo por si só pela raridade dessa formação ter ficado intacta. Nas áreas planas o desmatamento foi mais intenso pela facilidade de acesso do que em regiões montanhosas. O conjunto de espécies detectadas de aves, mamíferos e flora demonstra ainda mais essa importância.

Blog: Além do Glaucis dohrnii, que outras aves ameaçadas estão presentes na reserva?

Paulo de Tarso: A lista total de espécies é de 237 aves, das quais 27 (11% do total) constam em pelo menos uma das três listagens de ameaçadas: brasileira (Ministério do Meio Ambiente), internacional (União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN) ou do Espírito Santo (Secretaria do Meio Ambiente). Como a Bahia ainda não elaborou uma lista estadual e até o rio Jequitinhonha (mais ao norte de onde trabalhamos) há uma identidade biogeográfica do Espírito Santo com o extremo sul baiano, a lista capixaba serve de referência.

Também estão presentes 17 aves (7% do total) consideradas raras na natureza naturalmente ou por efeito da ação humana, bem como 24 (10%) de espécies exclusivas da Mata Atlântica.

Essas listas são exclusivas e hierarquizadas, isto é, se uma ave consta da lista de ameaçadas e é endêmica da Mata Atlântica, ela é contada somente como ameaçada. O mesmo nas demais categorias. Desse modo, se somamos os três contingentes a futura RPPN apresenta 68 espécies de alta relevância para a conservação. Esse total significa 29% da listagem completa, mostrando sua significância no panorama regional e nacional de conservação da biodiversidade da Mata Atlântica.

Tangara seledon, ou saíra-sete-cores, uma das aves estudadas na região
O trabalho dos pesquisadores se inicia antes do sol nascer
Dados do ambiente também são coletados
As aves recebem uma anilha com marcação, depois são soltas

 

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As aves de Jonathan Franzen no Brasil http://brasildasaves.com.br/2012/09/02/as-aves-de-jonathan-franzen-no-brasil/ http://brasildasaves.com.br/2012/09/02/as-aves-de-jonathan-franzen-no-brasil/#comments Sun, 02 Sep 2012 17:03:24 +0000 http://viajeaqui.abril.com.br/national-geographic/blog/brasil-das-aves/?p=5242
Jonathan Franzen, autor de Como Ficar Sozinho. Foto: reprodução.

Ser capa da revista Time não é para qualquer um. Se o qualquer um for um escritor, mais difícil ainda. Jonathan Franzen mereceu a proeza, com uma chamada de responsa: O Grande Romancista Americano. Autor de Correções e Liberdade, estrela da última Flip (Festa Internacional Literária de Paraty), ele teve o livro de ensaios Como Ficar Sozinho lançado este ano no Brasil.

Bom, ok, beleza, e o que ele faz num blog destes? – você pode estar se perguntando. Franzen é um birder. Apaixonado. Dizem as boas línguas que a chance de passarinhar por aqui foi um forte motivo de convencimento para a vinda dele durante a Flip. Chance não desperdiçada. O escritor explorou a Mata Atlântica de Ubatuba na companhia de Dimitri Matozsko, birder e proprietário do Itamambuca Eco Resort. A pedido do blog, Dimitri mostra cinco aves que Franzen observou por lá (as fotos estão no fim do post). “O escritor é um baita cara legal – e também um sortudo. Conseguiu ver uns bichos difíceis, que não aparecem toda hora, como o chocão-carijó”, entrega o brasileiro.

Mas antes das aves de Franzen, vale uma palhinha sobre Como Ficar Sozinho. O livro reúne ensaios escritos em épocas diferentes, mas há uma unidade, um cerzido invisível entre eles. O tom confessional quase sempre está presente – e garante os trechos mais bacanas. Logo no primeiro texto, A dor não nos matará (na verdade, um discurso no Kenyon College de 2011) o escritor fala da descoberta do birding, e como isso alterou rumos em sua vida. Outros capítulos têm temas mais pesados, como o mal de Alzheimer e a indústria do cigarro. Ou o suicídio de um amigo, no ensaio Mais distante. Neste texto, aliás, o birding também está presente. E um trecho vale destaque (a tradução é de Oscar Pilagallo):

Quando busco novas espécies de pássaros, estou atrás sobretudo da autenticidade perdida, dos vestígios de um mundo devastado por seres humanos mas ainda lindamente indiferente a nós; vislumbrar um pássaro raro que de alguma maneira persiste em sua vida de procriar e se alimentar é um prolongado deleite transcedental. 

Quer mais? Compre o livro. Aí embaixo, algumas espécies que encantaram Franzen em Ubatuba. Tanto as fotos como os comentários nas legendas são de Dimitri Matozsko.

Chocão-carijó – Canta alto e forte, marca presença pela voz, mas conseguir observá-lo de perto é muito raro. Quando quis mostrá-la ao Jonathan fui na fé – e não é que a ave veio e ficou pertinho? Incrível. Um momento raro nestes muitos anos de mato.

 

Topetinho-verde – Quem não fica encantado com um minúsculo beija-flor tão repleto de detalhes que são quase impossíveis de ver a olho nu?

 

Cuspidor-de-máscara-preta – Discreta e simpática, essa ave só vive em matas fechadas, com pouca luminosidade.
Choquinha-cinzenta – Discreta e irrequieta, não para. Normalmente associada a outras espécies, não é comum de se encontrar. Três minutos após mostrar o chocão-carijó consegui deixar esta pequena avezinha a dois metros do Jonathan. Mais uma bela surpresa.

 

 

 

 

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A ave mais bonita do Brasil http://brasildasaves.com.br/2012/08/25/a-ave-mais-bonita-do-brasil/ http://brasildasaves.com.br/2012/08/25/a-ave-mais-bonita-do-brasil/#comments Sat, 25 Aug 2012 22:55:26 +0000 http://viajeaqui.abril.com.br/national-geographic/blog/brasil-das-aves/?p=5092
Crejoá (Cotinga maculata). Foto de Ciro Albano – NE Brazil Birding

«Beauty is truth, truth beauty,» —  that is all
Ye know on earth, and all ye need to know. 

“Beleza é a verdade, a verdade a beleza”- É tudo o que há para saber, e nada mais. Os versos de John Keats (em uma tradução de Augusto de Campos) me vieram à mente enquanto eu acompanhava a apresentação do pesquisador Fernando Straube, no último Avistar Talks, em São Paulo. O tema era “O Poder da Beleza”. Straube mostrava algumas características das aves que nos chamavam a atenção, como as cores e formatos. A ideia era despertar o público para a questão: “o que nos faz achar que uma ave é bela?”. A certa altura, ele mencionou uma enquete que havia feito com ornitólogos, observadores e fotógrafos que conheciam bem a avifauna brasileira. A pergunta era: “Quais são as cinco aves mais bonitas do Brasil?”. Assim, a seco, sem explicação. E os resultados foram surpreendentes.

Participaram da enquete 32 pessoas, de várias regiões do país e até do exterior. Straube computou os dados após receber as respostas. Uma delas veio em branco, com um recado curto e direto: “Não vou responder, pois essa enquete não faz sentido!”. Alguns disseram que só votaram nas aves que já haviam observado na natureza. Outros relacionaram as aves sem nenhuma explicação. Não era preciso colocar uma ordem de preferência entre as cinco votadas.

Computados os votos, uma primeira surpresa. Nada menos do que 127 espécies (das 1832 na lista brasileira do CBRO) receberam votos. Destas 99 receberam um único voto. Ou seja, a falta de convergência entre os votantes foi grande – mostrando a diversidade de opiniões quanto ao que é a beleza na avifauna. Por fim destacou-se uma ave que poderíamos chamar de vencedora: o crejoá (Cotinga maculata), espécie da Mata Atlântica que só tem registros recentes no sul da Bahia. Ela teve 10 votos. Na sequência, vieram o gavião-de-penacho (Spizaetus ornatus), com 9 votos, o galo-da-serra (Rupicola rupicola), com 7 votos, e o pintor-verdadeiro (Tangara fastuosa), com 5 votos. Daí para baixo havia alguns empates. “Deu para perceber que nem só características físicas da ave contaram na escolha, mas também a dificuldade de observação e até o status de conservação”, diz Fernando Straube.

De todo modo, fica uma conclusão. Estamos bem servidos quanto à beleza das nossas aves, já que nem mesmo os conhecedores conseguem escolher poucas espécies. Sorte de quem observa aves por aqui. Sorte de quem pode ainda ver o crejoá, o galo-da-serra, o soldadinho-do-araripe livres na natureza. E o título deste post é só uma provocação, claro. Tente eleger as suas cinco aves mais bonitas do Brasil, mesmo que isso não faça sentido. Beleza é a verdade.

Pintor-verdadeiro (Tangara fastuosa). Foto de Ciro Albano – NE Brazil Birding

Soldadinho-do-araripe (Antilophia bokermanii). Foto de Ciro Albano – NE Brazil Birding
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Vem aí o Avistar Brasília http://brasildasaves.com.br/2012/07/21/vem-ai-o-avistar-brasilia/ http://brasildasaves.com.br/2012/07/21/vem-ai-o-avistar-brasilia/#respond Sat, 21 Jul 2012 15:26:49 +0000 http://viajeaqui.abril.com.br/national-geographic/blog/brasil-das-aves/?p=4562 Alô, alô, birders do Planalto Central. Em agosto (nos dias 11 e 12) ocorre na capital federal o Avistar Brasília, evento que os observadores não podem perder. Vão rolar palestras, oficinas, atividades para as crianças e passeios pelo Jardim Botânico de Brasília (que, de quebra, é um belo local para observar aves). Mais informações no site do evento.

 

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Paul McCartney, blackbird, white wings e assum-preto http://brasildasaves.com.br/2012/04/24/paul-mccartney-blackbird-white-wings-e-assum-preto/ http://brasildasaves.com.br/2012/04/24/paul-mccartney-blackbird-white-wings-e-assum-preto/#comments Tue, 24 Apr 2012 15:53:16 +0000 http://viajeaqui.abril.com.br/national-geographic/blog/brasil-das-aves/?p=3762 Paul McCartney veio ao Brasil mais uma vez. Um amigo meu, que acompanhou os shows no Recife, teve a sacada: “Além de Blackbird, ele poderia ter tocado também White Wings…”. Para quem não sabe, White Wings é a versão em inglês da famosíssima Asa Branca, sucesso do rei do baião, Luiz Gonzaga (versão aliás, do baiano Raul Seixas). Paul até fez menção a Luiz Gonzaga em seus shows, mas, claro, não tocou White Wings. No entanto, o trocadilho ornito-musical do meu amigo tem razão de ser. As duas músicas, além de excelentes, falam de aves emblemáticas. Vamos aprofundar um pouco mais essa história.
O blackbird (pássaro preto, em inglês), se vivesse no Brasil, fatalmente teria o nome de sabiá. E seria cantado por Tom Jobim, não pelos Beatles. O gênero Turdus inclui cerca de 30 espécies no mundo. O blackbird atende pelo nome científico de Turdus merula, e tem distribuição pela Europa e parte da Ásia. O mais que popular (no Brasil) sabiá-laranjeira é também conhecido como Turdus rufiventris. Ele foi não só o inspirador da dupla Tom e Chico na música que leva seu nome, como também de muitos outros artistas. Uma lista extensa que inclui Gonçalves Dias, com a super parodiada Canção do Exílio, da frase “minha terra tem palmeiras onde canta o sabiá”. No entanto, um sabiá mais arredio, ligado a ambientes florestados da Mata Atlântica, é o mais parecido com o blackbird de Paul: o sabiá-una, ou Turdus flavipes. Una, em tupi, é preto. Claro. Aí embaixo você vê os sabiás.

Blackbird (Turdus merula), o muso de Paul. Foto Juan Emilio, CC

 

Sabiá-una (Turdus flavipes), o blackbird da Mata-Atlântica. Foto Rafael Fortes

 

Sabiá-laranjeira – Foto: Zé Edu Camargo

 

No caso de Blackbird, a canção, há diversas versões para a origem da música. Em seu livro The Beatles, a História Por Trás de Todas as Canções, o autor Steve Turner lança a ideia de que há um pano de fundo social na letra. Paul teria elaborado a história pensando na luta pelos direitos dos negros nos EUA, então em plena efervescência.

Também em 1968, só que no Brasil, uma notícia ligava Beatles e Luiz Gonzaga: o grupo poderia gravar White Wings. Quem soltou a bomba foi a revista Veja, logo em sua primeira edição. A história ficou no ar um bom tempo, para diversão do próprio Luiz Gonzaga. Conheça os detalhes no post do ótimo blog Beatles To The People.

Outro sucesso de Luiz Gonzaga, Assum Preto, também poderia estar no set list de sir McCartney. Afinal, é conhecido ainda como graúna (do tupi guira+una, ou… pássaro preto). No entanto, neste caso, o parentesco se dá só no nome e no canto melodioso. O nosso assum-preto (Gnorimopsar chopi) não é um sabiá. Pertence a outra família numerosa, que inclui o chupim (ou vira-bosta) e o guaxe.
Para encerrar a seção curiosidades, a asa-branca da música de Luiz Gonzaga é uma pomba, também conhecida como pombão (Patagioenas picazuro). E não é branca – tem o corpo todo acinzentado, com detalhes brancos nas asas. No cerrado e na caatinga, costuma pousar no alto de galhos secos, ficando bem exposta. Também há um outro tipo de ave com o nome de asa-branca, mas trata-se de uma marreca (a Dendrocygna autumnalis), comum em boa parte do país.

Bom, una, black, white, preto no branco, é isso.

Graúna (Gnorimopsar chopi), o famoso assum-preto. Foto Zé Edu Camargo

 

Pombão (Patagioenas picazuro), a asa-branca de Luiz Gonzaga. Foto Zé Edu Camargo

 

 

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Os incríveis campos nebulares de São Paulo http://brasildasaves.com.br/2012/04/13/os-incriveis-campos-nebulares-de-sao-paulo/ http://brasildasaves.com.br/2012/04/13/os-incriveis-campos-nebulares-de-sao-paulo/#comments Fri, 13 Apr 2012 16:06:21 +0000 http://viajeaqui.abril.com.br/national-geographic/blog/brasil-das-aves/?p=3292  

Campos nebulares no Parque Estadual da Serra do Mar, Núcleo Curucutu

São Paulo dos Campos de Piratininga. São Bernardo da Borda do Campo. Os nomes antigos de duas cidades da Grande São Paulo dão a dica da vegetação que cobria boa parte da área antes da ocupação intensiva: os campos, extensões de vegetação baixa, entremeados por brejos e capões de mata, principalmente à beira de córregos e rios. Esse tipo de formação quase desapareceu da grande São Paulo. Quase. Porque ainda sobrevive um trecho de campos, chamados de campos nebulares (por causa da neblina que boa parte do dia, em qualquer época do ano, pode cobrir a região) dentro do município de São Paulo. Fica no pouco conhecido Núcleo Curucutu do Parque Estadual da Serra do Mar, em Marsilac, no extremo da Zona Sul da cidade, divisa com os municípios de São Vicente e Itanhaém.

“Imagina, a gente poderia estar andando pela avenida Paulista no século XVI, talvez a paisagem fosse essa”, diz o biólogo Fabio Schunck. Ele faz um monitoramento das aves no Núcleo Curucutu desde 2007, parte de seu plano de mestrado, apoiado pelo pesquisador Luis Fabio Silveira, do Museu de Zoologia da USP. Todos os anos na mesma data, Schunck arma 20 redes de neblina para capturar aves nos campos nebulares. Sua intenção é anilhar uma espécie migratória, a Elaenia chilensis, ou guaracava-de-crista-branca. “Elas passam por aqui sempre na mesma data, capturo os indivíduos, anoto as características biológicas, anilho, fotografo e solto. Depois de poucos dias, elas desaparecem. Ainda não recapturei nenhum exemplar anilhado, mas já anilhei 75 indivíduos. Qualquer hora algum pesquisador captura uma destas guaracavas em outra localidade da América do Sul. Os poucos estudos disponíveis mostram que elas migram do Chile, subindo pela região leste do Brasil até o nordeste, passando pela Caatinga, Cerrado, Amazônia e retornando ao Chile pelos Andes, para se reproduzir. Mas os estudos ainda são inconclusivos”, ele diz.

Além das guaracavas, muitas outras espécies caem nas redes de neblina, desde pequenos beija-flores até aves maiores, como andorinhões, arapongas e araçaris. O Núcleo Curucutu está entre as áreas com a maior diversidade de aves da Serra do Mar, são cerca de 350 espécies registradas até o momento. O parque tem uma trilha aberta à visitação, que leva a um mirante de onde, em dias claros, pode-se ver as cidades de Itanhaém, Monguaguá e Peruíbe, além da Serra da Jureia, a Ilha Queimada Grande e a Laje de Santos. “Em 2006, nessa trilha, avistamos o raro apuim-de-costas-pretas (Touit melanonotus), espécie que era pouco conhecida na época”, conta Schunck. O que torna o parque não só interessante para quem quer conhecer a paisagem original de boa parte da cidade, como também para os observadores de aves.

 

O biólogo Fabio Schunck retira uma ave da rede de neblina. Foto Zé Edu Camargo
Elaenia chilensis, espécie migratória que passa por São Paulo em março. Foto Zé Edu Camargo

Detalhe de um pitiguari anilhado durante o trabalho no Parque Estadual. Foto Zé Edu Camargo.
A neblina é comum durante parte do dia na região dos campos. Foto Zé Edu Camargo
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O Brasil no caminho de um mistério http://brasildasaves.com.br/2012/03/03/o-brasil-no-caminho-de-um-misterio/ http://brasildasaves.com.br/2012/03/03/o-brasil-no-caminho-de-um-misterio/#respond Sat, 03 Mar 2012 20:22:34 +0000 http://viajeaqui.abril.com.br/national-geographic/blog/brasil-das-aves/?p=2901 A tecnologia parece ter esclarecido um dos maiores enigmas da ornitologia norte-americana. A maioria das aves migratórias por lá têm paradeiros e rotas bem documentados. Não era esse o caso de uma espécie de andorinhão chamada Cypseloides niger, ou Black Swift (andorinha-negra, em inglês). Essas aves migram no fim do outono, deixando seus ninhos em paredões de rocha e cachoeiras no estado do Colorado, voltando após o inverno. Mas seu destino nunca foi documentado. Uma reportagem do jornal The Denver Post esta semana, no entanto, diz que o enigma está esclarecido. Esses andorinhões viajam milhares de quilômetros até o… Brasil. Mais especificamente, para um ponto no oeste da Amazônia brasileira. O uso da tecnologia de ponta foi o fator-chave para o sucesso da pesquisa (que deve ser publicada em breve em uma revista de ornitologia): o paradeiro das aves foi decifrado graças a um localizador GPS colocado no corpo de quatro espécimes (dos quais três foram recapturados). A descoberta é importante não só para a ornitologia americana, mas também para a brasileira. Essa tecnologia pode fazer com que a lista nacional de espécies  aumente. Leia a reportagem completa do The Denver Post clicando aqui.

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O encontro de duas Amazônias http://brasildasaves.com.br/2012/02/07/o-encontro-de-duas-amazonias/ http://brasildasaves.com.br/2012/02/07/o-encontro-de-duas-amazonias/#comments Tue, 07 Feb 2012 18:13:23 +0000 http://viajeaqui.abril.com.br/national-geographic/blog/brasil-das-aves/?p=2401
A campina é uma formação amazônica de mata baixa e capim, que ocorre em meio à floresta. Foto: Mario Cohn-Haft

O título deste post foi roubado. Ou melhor, emprestado. Ele é uma invenção de Mario Cohn-Haft, pesquisador do INPA (Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia), que participou no fim de 2011 de um levantamento das aves do sul do estado do Amazonas. Mas precisamente, nas cercanias da cidade de Boca do Acre. E por que Encontro de Duas Amazônias? Explico. No imaginário de boa parte dos brasileiros (e nem vou falar dos estrangeiros…) a Amazônia é uma grande extensão de floresta, com árvores do tamanho de prédios, cortada por imensos rios. No entanto, a região guarda um outro cenário pouco conhecido, mas igualmente importante: o das campinas. Campinas são áreas cobertas por vegetação baixa, com algumas árvores esparsas, num quadro que lembra mais o cerrado do Centro-Oeste. Esses campos formam “ilhas” em meio à mata alta, em vários estados da região. Em Boca do Acre, as duas formações (mata e campinas) estão próximas, com acesso por terra – condição difícil de encontrar.

A expedição, na verdade um projeto de pesquisa liderado pela dra. Camila Ribas (também do INPA), teve o apoio do pessoal de duas unidades federais de conservação, as florestas nacionais do Purus e do Iquiri. E o resultado não podia ser mais animador, não só para a ciência, mas também para os observadores de aves. Quase 380 espécies foram identificadas – e a estimativa é de que a região abrigue cerca de 700. Ou seja, mais da metade de todas as aves da Amazônia. Essa diversidade acontece não só pela presença das campinas, mas também de uma outra formação, os ajuntamentos de bambus chamados de tabocais. “A região tem potencial para atrair observadores, em função da diversidade de espécies e também pela possibilidade de avistar algumas aves raras”, diz Mario Cohn-Haft. Entre elas, estão algumas que ainda nem foram descritas pela ciência, como uma espécie de gralha avistada na expedição. Ou algumas já conhecidas, mas de difícil observação, como uma ave da família dos urutaus, o urutau-ferrugem (Nyctibius bracteatus).

Urutau-ferrugem (Nyctibius bracteatus), uma das aves amazônicas de difícil observação encontradas pela expedição a Boca do Acre. Foto Mario Cohn-Haft
Tabocal, uma formação de bambus em meio à mata, rica em avifauna. Foto Mario Cohn-Haft.
A equipe de ornitologia e os moradores da casa que serviu de base de apoio no Rio Inauini (Flona do Purus). Da esquerda para a direita: Gisiane Rodrigues Lima, Laís Araújo Coelho, Dona Nilda, Damião e Cosme, Sr. Fredson (Tom), Mario Cohn-Haft, Claudeir Ferreira Vargas. Foto Ricardo Sampaio.
A equipe de ornitologia em campo. Foto Mario Cohn-Haft.

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