{"id":6362,"date":"2012-12-27T14:48:45","date_gmt":"2012-12-27T17:48:45","guid":{"rendered":"http:\/\/viajeaqui.abril.com.br\/national-geographic\/blog\/brasil-das-aves\/?p=6362"},"modified":"2012-12-27T14:48:45","modified_gmt":"2012-12-27T17:48:45","slug":"fotos-espetaculares-de-uma-especie-rara-e-muito-ameacada","status":"publish","type":"post","link":"http:\/\/brasildasaves.com.br\/2012\/12\/27\/fotos-espetaculares-de-uma-especie-rara-e-muito-ameacada\/","title":{"rendered":"Fotos espetaculares de uma esp\u00e9cie rara e (muito) amea\u00e7ada"},"content":{"rendered":"
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Foto: Ciro Albano - NE Brazil Birding<\/figcaption><\/figure>\n

Um bom guia de birdwatching<\/strong> precisa ter v\u00e1rias habilidades. O primeiro, claro, \u00e9 um vasto conhecimento sobre as aves<\/strong>, seu comportamento e h\u00e1bitat. Tamb\u00e9m precisa ter uma audi\u00e7\u00e3o apurada (mais at\u00e9 que a vis\u00e3o). Mas n\u00e3o basta ouvir. Tem de identificar o canto e, rapidamente, lig\u00e1-lo \u00e0 ave certa dentro de seu banco de dados mental. E isso n\u00e3o \u00e9 para qualquer um. Por fim, o bom guia tem de ser um cara de bem com a vida. Porque ele lida com o bicho mais dif\u00edcil da natureza: o homem (e a mulher, claro), com suas ansiedades, humores e prefer\u00eancias.<\/p>\n

No Brasil, temos alguns super-guias, que se esfor\u00e7am para mostrar a observadores do mundo todo as aves brasileiras. Algumas vezes, eles t\u00eam de se superar. Afinal, h\u00e1 birdwatchers que, quando\u00a0retornam ao Brasil, j\u00e1 t\u00eam no curr\u00edculo 6 mil ou 7 mil aves em sua life list<\/em>. Ou seja, est\u00e3o aqui atr\u00e1s de esp\u00e9cies muito, muito raras.<\/p>\n

O cearense Ciro Albano nasceu em uma fam\u00edlia de fot\u00f3grafos. Mas a paix\u00e3o pelas aves o fez transcender o sentido da vis\u00e3o. O DNA fez com que ele seja, sim, um fot\u00f3grafo excepcional. Mas ele tamb\u00e9m \u00e9 um guia requisitado pelos mais exigentes birdwatchers de todo o mundo, al\u00e9m de manter a atividade de ornit\u00f3logo. Assim, est\u00e1 acostumado a encontrar esp\u00e9cies raras. Mas este ano uma surpresa o aguardava: a oportunidade de fotografar uma ave MUITO fora do comum. Primeiro porque tem uma \u00e1rea de distribui\u00e7\u00e3o pra l\u00e1 de restrita e est\u00e1 muito amea\u00e7ada pela perda de h\u00e1bitat. Segundo porque \u00e9 uma das mais belas aves que temos, com um nome comum po\u00e9tico e sugestivo: a sa\u00edra-apunhalada<\/strong> (Nemosia rourei<\/em>). Ela tem esse nome por causa da mancha vermelho-sangue no pesco\u00e7o e peito, contrastando com a plumagem branca do ventre. Vive nas matas de uma (hoje) pequena \u00e1rea de floresta na regi\u00e3o serrana do Esp\u00edrito Santo. E \u00e9 dific\u00edlima de ser observada. Fazer uma foto dela de perto, ent\u00e3o, era coisa de outro mundo. Era. Contando com a ajuda e a companhia de outro super-guia, Gustavo Magnago,\u00a0especializado nas esp\u00e9cies capixabas, Ciro teve o privil\u00e9gio de registrar a sa\u00edra de pertinho. Um feito extraordin\u00e1rio. Ent\u00e3o nada melhor do que deixar que ele pr\u00f3prio narre a experi\u00eancia:<\/p>\n

“Um casal de observadores\/fot\u00f3grafos de aves da Inglaterra (Andy e Gil Swash), que j\u00e1 havia feito duas viagens comigo pelo Nordeste, entrou em contato para planejar uma terceira viagem. Eles deixaram que eu propusesse um roteiro. Assim como eu, eles tamb\u00e9m t\u00eam uma predile\u00e7\u00e3o por aves raras, da\u00ed resolvi montar uma tour<\/em> que cobrisse o m\u00e1ximo de lifers<\/em> pra eles – e inclu\u00edsse esp\u00e9cies bem raras que eles ainda n\u00e3o haviam visto. A sa\u00edra era um dos grandes sonhos.\u00a0Ent\u00e3o convidei o amigo Gustavo Magnago (especialista nas aves do Esp\u00edrito Santo) pra nos acompanhar. O\u00a0Gustavo \u00e9 o cara que mais registrou a sa\u00edra nesses \u00faltimos anos. Mas, s\u00f3 pra\u00a0se ter no\u00e7\u00e3o da raridade do bicho fazia doze viagens que ele n\u00e3o\u00a0avistava\u00a0a esp\u00e9cie\u00a0(cada viagem com tr\u00eas dias de busca em m\u00e9dia). Ent\u00e3o para evitar frustra\u00e7\u00e3o deixamos bem claro que era muto dif\u00edcil de encontrar\u00a0a ave. E\u00a0acho que d\u00e1 para imaginar o quanto ficamos felizes e surpresos quando aquela voz aguda respondeu l\u00e1 do alto da mata…<\/p>\n

Chegamos cedo na floresta\u00a0e seguimos na estrada onde os bichos haviam sido vistos pela \u00faltima vez. A estrat\u00e9gia era tocar o playback de vez em quando e seguir observando\/fotografando outras esp\u00e9cies mais comuns. Depois de aproximadamente uma hora e meia de passarinhada, est\u00e1vamos tentando fotografar o piolhinho-verdoso (Phyllomyias virescens<\/em>) que era lifer<\/em> fotogr\u00e1fico pra mim. Mas sempre tocando as sa\u00edras de tempos em tempos. Numa dessas escutamos um piado agudo l\u00e1 na copa. Com um frio na barriga imediato olhei para o\u00a0Gustavo, que estava como os olhos arregalados \u2013 eu (tentando n\u00e3o acreditar) pensei: deve ser em andorinh\u00e3o (Chaetura) \u2013 que tem um chamado parecido. E o Gustavo responde: “continua tocando”. Quando vimos aquela algazarra na copa a adrenalina explodiu! Hav\u00edamos reencontrado as sa\u00edras-apunhaladas<\/strong>! Est\u00e1vamos do lado de uma clareira com um barranco alto e uma \u00e1rvore isolada e baixa. Subimos o barranco e soltamos o playback. Para surpresa e alegria de todos os bichos vieram na nossa cara, ao n\u00edvel do olho. Era t\u00e3o inacredit\u00e1vel que eu n\u00e3o sabia se fotografava ou contemplava aquelas criaturas t\u00e3o raras de t\u00e3o perto. Sabemos da raridade dos bichos e tentamos conseguir as imagens o mais r\u00e1pido que pudemos. Foram pouco minutos, mas\u00a0correu tanta adrenalina que, depois que passou, fiquei cansado de tanta emo\u00e7\u00e3o. Foi sem d\u00favida um dos momentos mais importantes nas nossas vidas de observadores\/fot\u00f3grafos (e, no meu caso, ornit\u00f3logo tamb\u00e9m) e com certeza inesquec\u00edvel pra todos n\u00f3s.
\nA esperan\u00e7a agora \u00e9 que as imagens sirvam pra sensibilizar as autoridades\/propriet\u00e1rios e sociedade civil a evitar a extin\u00e7\u00e3o de uma das aves mais bonitas e raras desse planeta!”<\/p>\n

O recado no final do relato \u00e9 importante e necess\u00e1rio. Como a \u00e1rea em que vive a sa\u00edra-apunhalada<\/strong> \u00e9 muito pequena, \u00e9 preciso um esfor\u00e7o de todos para a conserva\u00e7\u00e3o. Saiba mais sobre isso no site da Save Brasil<\/a>. Para conhecer melhor a sa\u00edra-apunhalada, visite a p\u00e1gina da BirdLife International<\/a>.<\/p>\n

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Foto: Gustavo Magnago<\/figcaption><\/figure>\n

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Foto: Gustavo Magnago<\/figcaption><\/figure>\n
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Foto: Ciro Albano - NE Brazil Birding<\/figcaption><\/figure>\n
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A equipe em a\u00e7\u00e3o com as fotos da sa\u00edra-apunhalada<\/figcaption><\/figure>\n

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Um bom guia de birdwatching precisa ter v\u00e1rias habilidades. O primeiro, claro, \u00e9 um vasto conhecimento sobre as aves, seu comportamento e h\u00e1bitat. Tamb\u00e9m precisa ter uma audi\u00e7\u00e3o apurada (mais at\u00e9 que a vis\u00e3o). Mas n\u00e3o basta ouvir. 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