{"id":7921,"date":"2016-12-18T20:01:35","date_gmt":"2016-12-18T20:01:35","guid":{"rendered":"http:\/\/brasildasaves.com.br\/?p=7921"},"modified":"2016-12-18T20:03:28","modified_gmt":"2016-12-18T20:03:28","slug":"legado-das-aguas-a-vida-selvagem-como-ela-e","status":"publish","type":"post","link":"http:\/\/brasildasaves.com.br\/2016\/12\/18\/legado-das-aguas-a-vida-selvagem-como-ela-e\/","title":{"rendered":"Legado das \u00c1guas – a vida (selvagem) como ela \u00e9"},"content":{"rendered":"
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O Legado das \u00c1guas tem uma das mais extensas \u00e1reas de Mata Atl\u00e2ntica preservada do pa\u00eds<\/figcaption><\/figure>\n

“Nunca achei que em S\u00e3o Paulo daria para encontrar\u00a0a floresta assim, a perder de vista”. As\u00a0palavras\u00a0vinham de um observador de aves. Acostumado a viajar para confins da\u00a0Amaz\u00f4nia e outras paragens inabitadas, ele demonstrava a surpresa de estar em um dos maiores trechos de Mata Atl\u00e2ntica preservada do pa\u00eds, a apenas 1h30 de viagem da capital paulista. O Legado das \u00c1guas<\/a>, nome dado \u00e0 reserva mantida pelo grupo Votorantim, tem 31 mil hectares, com muitos trechos de floresta intocada. Sua hist\u00f3ria est\u00e1 ligada \u00e0 vis\u00e3o do empres\u00e1rio Ant\u00f4nio Erm\u00edrio de Moraes: h\u00e1 d\u00e9cadas ele decidiu deixar\u00a0a mata em p\u00e9\u00a0como maneira de assegurar \u00e1gua para mover as usinas hidrel\u00e9tricas que fornecem energia \u00e0 ind\u00fastria. Com isso, ele ajudaria a manter tamb\u00e9m um retrato vivo da nossa biodiversidade. O Legado hoje abriga diversos projetos de pesquisa ligados \u00e0 fauna e \u00e0 flora da Mata Atl\u00e2ntica (e vale tamb\u00e9m conhecer o brilhante trabalho fotogr\u00e1fico que Luciano Candisani<\/a> realiza na \u00e1rea). Mas nem s\u00f3 os pesquisadores ir\u00e3o poder desfrutar desse ambiente, segundo o projeto dos administradores. A\u00ed entram os observadores de aves na hist\u00f3ria – a reserva deve ser aberta \u00e0 visita\u00e7\u00e3o em 2017.<\/p>\n

Estive entre os birders convidados para uma incurs\u00e3o experimental \u00e0 \u00e1rea. Durante dois dias, nosso grupo explorou trilhas em meio \u00e0 mata e andou pelas bem-conservadas estradas de servi\u00e7o que ligam as usinas (todas elas cortando a floresta). Foram mais de 141 esp\u00e9cies observadas, muitas delas\u00a0end\u00eamicas da Mata Atl\u00e2ntica – com direito a figurinhas dif\u00edceis mesmo a observadores experimentados. N\u00e3o \u00e9 todo dia que voc\u00ea anda em uma trilha onde chegam a ser comuns aves como o n\u00e3o-pode-parar<\/a> (Phylloscartes paulista<\/i>), o zided\u00ea<\/a> (Terenura maculata<\/i>) e a choquinha-pequena<\/a> (Myrmotherula minor<\/i>). E mesmo nas estradas, nas bordas da mata, podem ser encontradas esp\u00e9cies de fazer brilhar o olho, como o tropeiro-da-serra<\/a> (Lipaugus lanioides<\/i>) e o sabi\u00e1-cica<\/a> (Triclaria malachitacea<\/i>) – um sabi\u00e1 que n\u00e3o \u00e9 sabi\u00e1, pois se trata de um papagaio end\u00eamico do Brasil. O nome vem da sua capacidade de emular o canto de um Turdus<\/em><\/a>.<\/p>\n

O Legado das \u00c1guas tem tudo para se transformar em poucos anos em um dos principais destinos de birdwatching do Brasil. O trabalho de levantamento de avifauna ainda est\u00e1 em curso no lugar, mas os pesquisadores j\u00e1 estimam em mais de 300 as esp\u00e9cies na \u00e1rea. Junte-se isso \u00e0 seguran\u00e7a (o acesso \u00e9 controlado e h\u00e1 seguran\u00e7as percorrendo a \u00e1rea todo o tempo), \u00e0 proximidade com S\u00e3o Paulo (e com os aeroportos de Congonhas, Guarulhos e Campinas), e \u00e0 possibilidade de encontrar diversas aves end\u00eamicas – est\u00e1 formado o quadro para atrair observadores brasileiros e dos quatro cantos do mundo.\u00a0Como b\u00f4nus, h\u00e1 a possibilidade de incluir outras \u00e1reas pr\u00f3ximas em um roteiro de birding mais extenso – n\u00e3o \u00e0 toa, o recorde brasileiro de aves observadas<\/a> em 24h no Brasil foi batido\u00a0este ano em um roteiro que come\u00e7ava no Legado e terminou na Ilha Comprida, no litoral paulista.<\/p>\n

A estrutura para receber os observadores j\u00e1 est\u00e1 sendo planejada na reserva. Ela inclui hospedagem e guias especializados. Al\u00e9m disso, h\u00e1 o plano de inserir\u00a0tamb\u00e9m a observa\u00e7\u00e3o em um contexto mais amplo, de educa\u00e7\u00e3o ambiental.\u00a0Assim n\u00e3o s\u00f3 os observadores de hoje, mas os do futuro, ter\u00e3o o prazer de conhecer a Mata Atl\u00e2ntica e suas esp\u00e9cies maravilhosas.<\/p>\n

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Observadores em a\u00e7\u00e3o em uma das estradas que cortam a reserva<\/figcaption><\/figure>\n
\"legado_2016_41\"
A vis\u00e3o da Mata Atl\u00e2ntica como ela devia ser h\u00e1 s\u00e9culos emociona qualquer observador<\/figcaption><\/figure>\n
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A floresta imponente estende-se por 31 mil hectares<\/figcaption><\/figure>\n
\"legado_2016_27\"
Tropeiro-da-serra<\/figcaption><\/figure>\n
\"legado_2016_2\"
Catirumbava<\/figcaption><\/figure>\n
\"legado_2016_5\"
As trilhas s\u00e3o sinalizadas – e a preocupa\u00e7\u00e3o com a conserva\u00e7\u00e3o no lugar \u00e9 evidente<\/figcaption><\/figure>\n
\"legado_2016_12\"
Benedito-de-testa-amarela<\/figcaption><\/figure>\n","protected":false},"excerpt":{"rendered":"

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