Por uma área de proteção para a saíra-apunhalada
Posted on: November 17, 2015, by : adminJá falamos dela aqui no blog. Mas, nos últimos três anos, pouca coisa mudou no que se refere à proteção de uma de nossas espécies mais ameaçadas: a Neimosia rourei, ou saíra-apunhalada. O governo do Espírito Santo deve receber em breve uma nova proposta para conservação da área onde a pequena população dessa ave tão rara e tão bonita vive. Veja quais são as perspectivas para a proteção da saíra nesta entrevista com o biólogo Edson Ribeiro Luiz, especialista em aves, ecólogo e coordenador de projetos da SAVE Brasil.
Blog: Em quais condições se encontra hoje a pequena população de saíra-apunhalada no Brasil? Quais são os riscos que ela corre?
Edson Ribeiro Luiz: A estimativa é de que sua população seja menor do que 250 indivíduos.
A principal ameaça atual a saíra-apunhalada são loteamentos rurais que estão sendo cada vez mais implantados na região serrana do Espírito Santo. Parte da floresta onde a espécie habita tem sido destruída para implantação desses lotes e o desmatamento mesmo que pontual ainda ocorre na região.
Blog: O que falta para a criação de uma área de conservação para a saíra-apunhalada no Espírito Santo?
Edson Ribeiro Luiz: A criação de uma unidade de conservação na região passa logicamente por uma decisão política.
Já houve momentos que esteve perto de acontecer e depois retrocedeu. Tecnicamente dentro dos órgãos estaduais está se finalizando uma nova proposta para ser encaminhada ao governador.
É imperativo, no entanto, que a sociedade reconheça a importância dessa iniciativa, não só por conta da saíra, mas de todo o patrimônio biológico e de recursos hídricos que poderão se tornar legalmente protegidos.
O governo vem fazendo através de oficinas com as comunidades do entorno um diagnóstico socioambiental para que a proposta técnica seja a mais adequada possível para a proteção da floresta e ao mesmo tempo manutenção das populações envolvidas.
Blog: Como o cidadão comum pode ajudar na conservação da saíra-apunhalada?
Edson Ribeiro Luiz: A questão da saíra bem como todos os problemas ambientais do país precisam ter eco nas comunidades locais e na sociedade como todo.
Para que os governantes tomem iniciativas que protejam nossa biodiversidade, é preciso que eles sejam convencidos de que isso também é uma prioridade para os brasileiros. Uns dizem que é utópico acreditar nisso, mas eu penso que é sim factível.
Quanto ao cidadão comum que já foi tocado pela necessidade de fazer algo pela a saíra, existe uma infinidade de ações vinculada as particularidades de cada um. Exemplo: um morador da cidade de Vitória no Espirito Santo pode participar de mobilizações e pedidos para que o parlamentar que a representa, apoie a criação de uma unidade de conservação na região. Um morador da Mata de Caetés onde vira a saíra, pode se esforçar para que não se faça desmatamentos que poderiam ser evitados. Uma professora do distrito de Castelinho, na cidade de Vargem Alta (onde a espécie também ocorre) pode falar sobre a saíra para seus alunos. As formas de engajamento comunitário são diversas e todo cidadão pode contribuir.
LINDOS AMO TODAS AS AVES BJUS